(Enem PPL 2020) Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no pátio da casa-grande e falou para eles
10. (Enem PPL 2020) Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no pátio da casa-grande e falou para eles. A voz não era mais aquela voz mansa de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono de tudo. O feitor, o negro Deodato, recebera as suas instruções aos gritos. Seu Lula não queria vadiação naquele engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que rezar as ave-marias. Negro não podia mais andar de reza para S. Cosme e S. Damião. Aquilo era feitiçaria. [...]
E o feitor Deodato, com a proteção do senhor, começou a tratar a escravatura como um carrasco. O chicote cantava no lombo dos negros, sem piedade. Todos os dias chegavam negros chorando aos pés de D. Amélia, pedindo valia, proteção contra o chicote do Deodato. A fama da maldade do feitor espalhara-se pela várzea. O senhor de engenho do Santa Fé tinha um escravo que matava negro na peia. [...] E o Santa Fé foi ficando assim o engenho sinistro da várzea.
RÊGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
A condição dos trabalhadores escravizados do Santa Fé torna-se exponencialmente aflitiva após a morte da senhora do engenho.
Nessa passagem, o sofrimento a que se submetem é intensificado pela reação à
- mania do novo senhor de se dirigir a eles aos gritos.
- saudade do afeto antes dispensado por D. Mariquinha.
- privação sumária de suas crenças e práticas ritualísticas.
- inércia moral de D. Amélia ante as imposições do marido.
- reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus moradores.
Resposta: C
Resolução: