Ora, Ora

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4. (Enem PPL 2019) Canção

No desequilíbrio dos mares,

as proas giram sozinhas…

Numa das naves que afundaram

é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos

sem desespero e sem desgosto,

e morri de infinitas mortes

guardando sempre o mesmo rosto.

Quando as ondas te carregaram

meus olhos, entre águas e areias,

cegaram como os das estátuas,

a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar

e endureceram junto ao vento,

e perderam a cor que tinham

e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava

desprendeu-se e caiu de mim:

e só talvez ele ainda viva

dentro destas águas sem fim.

MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na

  1. contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.
  2. expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.
  3. associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.
  4. recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.
  5. consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

Resposta: B

Resolução: Na composição do poema "Canção", o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa. O poeta descreve a espera por um amor que nunca chega, e a consequente dor e solidão. O uso de metáforas marítimas reforça a ideia de incerteza e instabilidade, e a descrição da estátua endurecida e sem vida reflete a sensação de perda e ausência do amor desejado.