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06. (Enem 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.

(BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma)

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que:

  1. a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
  2. a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.
  3. a construção de uma pátria a partir de elemento míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
  4. a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
  5. a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

Resposta: C

Resolução: O romance "Triste fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. O personagem, que havia dedicado sua vida a estudar inutilidades para o amor da pátria, percebe que essa pátria idealizada não existe na realidade e que suas tentativas de encontrá-la foram decepcionantes.

Ele se depara com a verdadeira natureza das pessoas e do solo, e com a falta de interesse e apoio para suas iniciativas. Ele sente que sua vida foi uma série de decepções e percebe que sua visão idealizada da pátria era apenas um mito, criado por ele no silêncio de seu gabinete. Ele se sente frustrado e decepcionado com a realidade da sociedade em que vivia e com a falta de correspondência entre sua idealização e a realidade.

O fragmento destaca a crítica de Lima Barreto à construção de uma pátria baseada em mitos e ilusões, e a consequente decepção e frustração que essa visão idealizada pode causar.