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8. (Enem PPL 2014) O mulato

Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.

Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: "Mulato". E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.

— Mulato!

Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.

(AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996)

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois:

  1. relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça.
  2. apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX.
  3. mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres.
  4. ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente.
  5. critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.

Resposta: A

Resolução: No fragmento do texto de Aluísio Azevedo, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça. Ele descreve como a personagem Ana Rosa tem a intuição perfeita da virtude, um modo bonito e habilidades manuais, mas também como a palavra "mulato" paira sobre seus pensamentos e explica a frieza e reserva que ela tem experimentado por parte da sociedade em relação a ela por causa de sua condição racial. Isso é típico do naturalismo, que vê a sociedade e a natureza como determinantes da condição humana e que frequentemente descreve personagens que são vítimas de suas circunstâncias sociais e biológicas.