(UFV) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos:
05. (UFV) Leia as passagens abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos:
I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo:
- III e V.
- I e II.
- I e IV.
- III e IV.
- II e V.
Resposta: A
Resolução: Metalinguagem é o uso da linguagem para se referir a si mesma ou a outras línguas. Em ambas as passagens mencionadas, III e V, há o exercício de metalinguagem em São Bernardo.
Na passagem III, "João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante", o personagem João Nogueira faz referência à língua de Camões, um escritor português conhecido por seu uso da metáfora e da linguagem poética. Além disso, ele menciona a formação dos períodos de trás para diante, o que sugere que está se referindo a aspectos formais da linguagem.
Na passagem V, "Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia", o personagem Azevedo Gondim faz referência à literatura como um conjunto de práticas e convenções que devem ser seguidas. Ele também menciona o ato de "arranjar palavras com tinta", o que sugere que está se referindo ao ato de escrever. Além disso, ele afirma que se escrevesse como fala, ninguém o leria, o que sugere que há diferenças entre a linguagem falada e a escrita.