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(UNICAMP) Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra, incomoda

06. (UNICAMP) Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra, incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de desespero, des de desesperança. Des, definitivamente, não é um bom prefixo.

Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não importa em que dicionário. Doravante ouviremos falar muito nela.

De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade, no sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome”, somente com esses substantivos. Você ainda não conhece o Solano? Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o vale-transporte na catraca e simbora – mais de 30 quilômetros. O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, do que um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por todas as razões sociais que a gente bem conhece.

Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de desesperança os leitores, os números rendem manchete, mas carecem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa, só há uma possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não haja mais jeito de achar que os pontos da bolsa de valores signifiquem a ideia de fazer um país.

(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País, 28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snMDUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)

A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na cidade de São Paulo.

Assinale a alternativa que identifica corretamente os recursos expressivos (estilísticos e literários) de que se vale o autor.

  1. A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa nos versos de Solano Trindade: onomatopeia.
  2. No destino dos transportes coletivos no sentido centro subúrbio é possível viver a desigualdade: eufemismo.
  3. A desigualdade se mostra na expectativa de vida dos moradores de bairros bem situados e periferias: alusão.
  4. Na cobertura da imprensa, números da desigualdade perdem para pontos da bolsa de valores: ambiguidade.

Resposta: A

Resolução: A onomatopeia é um recurso expressivo que consiste na criação de uma palavra que imita o som de algo. No texto, o autor menciona os versos do rap de Solano Trindade, que incluem a repetição da palavra "fome", o que pode sugerir o som da fome ou a sensação de privação e necessidade. No entanto, a onomatopeia não é o único recurso expressivo utilizado pelo autor. Alguns outros recursos expressivos presentes no texto são:

Repetição: a palavra "desigualdade" é repetida várias vezes ao longo da crônica, reforçando sua importância e destacando-a como um problema central.

Comparação: o autor compara a desigualdade a um destino escrito, sugerindo que ela é inescapável e que afeta a vida de todas as pessoas. Ele também compara a diferença de expectativa de vida entre os habitantes da região central e da periferia de São Paulo a uma diferença de 23 anos, o que ajuda a quantificar e visualizar o problema da desigualdade.

Metáfora: o autor compara a desigualdade a uma bolsa de valores, sugerindo que ela é algo que pode ser medido e avaliado, mas que não leva em conta os aspectos humanos da vida.

Persuasão: o autor tenta persuadir o leitor a ficar atento à desigualdade e a se envolver no combate a ela, ao instigá-lo a pegar um ônibus e fazer o trajeto da região central para a periferia de São Paulo para ver os efeitos da desigualdade de perto.