“A ação é apenas o resultado da luta entre as vontades de um corpo. O que vemos por fim é o resultado do combate e que, por isto, nos aparenta uma unidade
Questões de Filosofia na UECE 2024
72. (UECE 2024) “A ação é apenas o resultado da luta entre as vontades de um corpo. O que vemos por fim é o resultado do combate e que, por isto, nos aparenta uma unidade. Ao nos identificarmos com a ação, acreditamos ser também os responsáveis por tais ações. É muito comum o recurso retórico aos motivos que impulsionariam ações, declarandose que uma ação foi tomada devido a um determinado motivo. Mas esta própria luta dos motivos traduz apenas o jogo impulsivo subterrâneo ao qual quase não se tem acesso e, caso o motivo exista, seria ‘algo para nós completamente invisível e inconsciente’ (Nietzsche, Aurora). O que se tem sempre é o conhecimento do resultado da luta dos motivos, mas ‘a luta mesma se acha oculta de mim, e igualmente a vitória, como vitória; pois venho a saber o que faço – mas não o motivo que propriamente venceu’ (Nietzsche, Aurora)”.
(Gustavo Arantes Camargo. Liberdade e vontade de potência na filosofia de Nietzsche. Cadernos Nietzsche 42 (3), Setembro/Dezembro, 2021.)
No texto acima, o autor defende que, para Nietzsche,
- temos livre-arbítrio, mas não temos plena consciência dos motivos pelos quais decidimos agir de um modo ou não de outro.
- nossa ação é determinada pelos costumes tradicionais que seguimos inconscientemente, daí termos a ilusão de que há um “eu”.
- não há ação humana, já que o homem está preso ao seu destino, constituído pelas potências naturais do apolíneo e do dionisíaco.
- não há um sujeito unificado e consciente por trás das ações, mas impulsos inconscientes diversos e em choque que as produzem.
Resposta: D
Resolução: No texto, o autor está alinhado com a perspectiva nietzschiana, que sugere que:
A concepção: Não há um sujeito unificado e consciente por trás das ações, mas impulsos inconscientes diversos e em choque que as produzem.
Nietzsche argumenta que a ação humana é o resultado de uma luta inconsciente entre impulsos e motivos que não são plenamente acessíveis à consciência. O que percebemos como ação consciente é, na verdade, o resultado dessa luta interna, e não temos total consciência dos motivos subjacentes.